Tags

É fácil encontrar em várias fontes datas que celebram a Guarda Civil brasileira. E o dia 3 de Setembro é uma delas, quando se comemora do Dia do Guarda Civil. Outro momento relacionado é o dia 10 de Outubro. A data, porém, refere-se à corporação em si, ou seja, Dia da Guarda Municipal, instituído em 2009.

Tratada como uma das instituições de segurança mais antigas no País, sua história está ligada ao Império e ao surgimento das forças policiais. A mais antiga registrada é a criação do Regimento de Cavalaria Regular da Capitania de Minas Gerais, criado em 09 de junho de 1775, e da qual participou um personagem, digamos, conhecido: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos líderes da Inconfidência Mineira.

A data começou a ser celebrada em 1966, depois que o primeiro presidente do regime militar, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, instituiu o Dia do Guarda Civil pela lei Nº 5. 088, de 30 de agosto de 1966. Na Constituição de 1988, os municípios brasileiros tiveram a organização da guarda civil legitimada e assegurada pelo Artigo 144, cujo texto dá poder de constituição das guardas municipais para a proteção de bens e serviços.

A GCM Sorocaba completa este ano seus 27 anos de atuação. Começou com 56 guardas e hoje tem um efetivo de 431 agentes, dos quais 63 são mulheres.

Lucimara Santos é uma delas. Há quase dezoito anos sua história está ligada à da Guarda Civil Municipal e vice-versa. E como a maioria das mulheres, ela também assume múltiplas funções: é mãe, esposa, gestora do lar, educadora, compradora, cozinheira, recreadora e, se precisar, aperta parafusos, troca lâmpada e maneja uma arma de fogo com muita habilidade.

Desde que Sofia nasceu, há pouco mais de dois anos, Lucimara passou a integrar o Centro de Operações e Inteligência (COI) e adotou outra função: é uma espécie de “terapeuta” em sua jornada de oito horas diárias de trabalho. Além do atendimento de serviços solicitados pela população, é comum que despenda minutos para falar com gente que precisar desabafar, se orientar emocionalmente. “Acontece de ligarem para contar de problemas. É gente entristecida, desamparada, precisando de um palavra de afeto, de atenção e estamos aqui para isso também”, conta ressaltando que mesmo não sendo função primária da GCM, é função social da instituição. “Só não podemos ficar muito tempo, porque este telefone não para de tanta solicitação”, justifica.

Lucimara tem paixão e orgulho pelo que faz. Sair da conjugação do verbo ‘ajudar’ para a sua prática fez dela alguém melhor. Começou na GCM atuando na ronda escolar, junto da comunidade, e sua alegria era colaborar com a segurança das crianças. Traz na memória grandes alegrias representadas em gestos carinhosos e de respeito das pessoas que acolheu no seu cotidiano. Mas também há tristeza. Jamais se esquecerá do atendimento que fez quando do atropelamento de duas crianças, em Aparecidinha, há dois anos: “quando eu vi aquilo, esqueci que era uma guarda civil e ‘fui’ a mãe que encarou a cena com dor, sofrimento. Fiquei chocada”, conta para e seguida reforçar que o trabalho é estressante, mas também muito importante para a sociedade.

No COI atuam outras três colegas e, segundo garante Lucimara, todas são tratadas como iguais. “Nunca senti qualquer ponta de preconceito por parte dos meus colegas homens. Estamos aqui em condição de igualdade, e o respeito e o companheirismo são base dessa relação diária”, garante.

Vocação

Trilhando os primeiros passos da carreira, João Vitor Bonilha Leite, de 28 anos, está na ativa há duas semanas. Ele acaba de se formar na 9ª Turma da Escola de Formação da Guarda Civil Municipal, mas traz seu objetivo de vida traçado há tempos. Formado em Educação Física, assume que a entrada na corporação está muito ligada à vocação do servir. “Cuidar dos outros é uma paixão”, confessa dizendo que foi dentro da GCM que percebeu o quanto o trabalho na área é abrangente e isso pode ser praticado em várias frentes.

Atuando na Ronda Escolar, todos os dias auxilia crianças e jovens na travessia de vias, sempre atento ao movimento de veículos. Entretanto, até por conta de seu treinamento, diz que o olhar está voltado ao público nos entornos dos locais onde fica, pois a proteção da criança e do jovem está relacionada, também, ao combate ao tráfico e uso de drogas.

“Na Guarda Civil sinto que faço minha parte como profissional, mas também como cidadão. Aqui gozo da liberdade de duas identidades. Ambas, com suas obrigações sociais bem definidas”, enfatiza. Sua expectativa ainda é modesta. O GCM Bonilha quer adquirir experiência, quer se qualificar para continuar a proteger e cuidar da população.

Isso é o que faz, diariamente, Claudinei Isaltino Godoy. Só que há um pouco mais de tempo. Ele faz parte da segunda turma de guardas municipais da cidade e está prestes a completar 27 anos na Corporação. “A Guarda começou em março de 1988 e eu entrei um pouco depois. A gente ainda estava vinculado à Urbes” reforça.

Quando o GCM Godoy vestiu o uniforme azul-escuro, seu primeiro posto foi a antessala do gabinete do então prefeito, Paulo Mendes. Já esteve no Mercado Municipal, no antigo posto da corporação na rodoviária, fez rondas de carro por anos e, há três, está nas pedaladas pela ciclovia da Avenida Dom Aguirre, na companhia da GCM Adriana, com quem, de ponta a ponta, cuida para que a galera da bike possa circular com tranquilidade. A dupla também tem no Parque do Campolim uma de suas bases de atuação.

Aos 49 anos, e depois de tanto tempo na corporação, Godoy conta que uma das coisas mais importantes que a profissão lhe deu foi o autocontrole. Segundo ele, a juventude contempla em si a ansiedade e a falta de paciência, o que pode atrapalhar uma vida inteira. Lidando com o ser humano todos os dias, o GCM compreendeu que, na condição de colaborador na busca por soluções de problemas, não pode virar estatística e fazer parte de uma ocorrência. Godoy crê que os guardas municipais, ainda, são visto com certo receio pela população; uma característica que persegue os agentes de segurança de modo geral, seja civil, seja militar. Entretanto, garante que os GCMs são, acima de tudo, cidadãos e que, para além de sua função profissional, também se importam, se incomodam com as várias coisas da vida e, com isso, também compreendem aquilo que afeta a sociedade. “Nos colocamos na posição de munícipe o tempo todo. Mas não podemos esquecer que, onde estivermos, estamos para manter a ordem e não para discutir opinativamente as questões”, fala referindo-se ao exercício da função.

Com um caminho ainda a percorrer até se aposentar, Godoy quer testemunhar mais avanços na estrutura da guarda civil, de forma a garantir um trabalho ainda melhor, favorecendo os profissionais e a população. Da parte da comunidade espera que sejam vistos com mais ….. “Eu digo sem receio: eu e todos os GCMs estamos preocupados em cumprir dignamente nosso papel e em fazer um bom trabalho, todos os dias”, garantiu.

Fonte: Agência Sorocaba de Notícias