A história de todas as mulheres que ocuparam e ocupam cargos eletivos em Sorocaba, seja no Legislativo, seja no Executivo, é contada no livro “Eleitas”, dos jornalistas Lucas Monteiro e Kally Momesso, que foram homenageados pela Câmara Municipal de Sorocaba, em sessão solene realizada na noite de sexta-feira, 14, no plenário da Casa. Além dos autores, o livro, com 216 páginas, conta com a colaboração de Carol Fernandes e Thatiane Silva nas reportagens e com ilustrações de Daniela Silva e foi produzido pela Códice Editorial.

Por meio de doação dos autores, alguns exemplares da obra ficarão na Biblioteca da Câmara Municipal de Sorocaba, à disposição do público.

“O livro conta a história de 12 mulheres. Quantas dessas mulheres vocês conhecem, já ouviram falar? Quem trabalha com política, talvez conheça várias delas, mas e a população em geral?” – indagou Kally Momesso, ao agradecer a homenagem. “Tivemos muita dificuldade para encontrar informações sobre algumas delas. Esse livro tenta justamente dar voz a essas mulheres, trazer luz sobre suas histórias. Ele é também uma provocação para que a gente pense em mais mulheres na política. Ao longo de toda a história da cidade de Sorocaba, somente 12 mulheres foram eleitas para o Executivo e para o Legislativo. Essa participação da mulher na política é um ato revolucionário e espero muito que esse livro fique obsoleto logo e que precise de adaptação, com mais uns 10 capítulos, no mínimo”, acrescentou.

Lucas Monteiro, por não morar mais em Sorocaba, participou do evento pela plataforma Zoom. “Cada uma das histórias de mulheres eleitas, contadas no livro, pavimentaram e estão pavimentando o caminho para novas gerações, para novas mulheres que virão por aí. A gente se deparou com muitos desafios ao longo da feitura do livro e do podcast. Nunca vou me esquecer da dificuldade de conseguir informações sobre a ex-vice-prefeita Diva Prestes e sobre a ex-vereadora Ana Paula Eleutério”, afirmou Lucas Monteiro, que agradeceu aos demais colaboradores do livro, entre, eles Maya Corrêa, que disponibilizou os dados sobre Ana Paula Eleutério, e seu irmão Eduardo Monteiro, que o representou na solenidade.

O livro “Eleitas” mostra que Sorocaba, que irá completar 370 anos em agosto próximo, contou, em toda a sua história, com apenas 12 mulheres eleitas, que estão retratadas na referida obra, desde a primeira delas, Salvadora Lopes (1918-2006), até as atuais eleitas para mandatos eletivos, passando por Diva Prestes (1948-2005) e Ana Paula Eleutério (1945-2002). No perfil das biografadas, o livro fala não apenas da atuação política das mulheres durante seus respectivos mandatos, mas também de suas origens familiares e de sua atuação na sociedade como um todo. A obra foi inspirada no podcast “Elas no Poder”, lançado em 2021. A sessão solene contou com apresentações musicais de Mônica Campiteli (voz) e Saba (violão).

Eleição sem posse – A primeira mulher a se eleger em Sorocaba foi Salvadora Lopes Peres, uma operária têxtil da Votorantim, descendente de imigrantes espanhóis, que que nasceu em 28 de agosto de 1918, em Avaré, veio para Sorocaba com a família ainda criança e conquistou uma vaga na Câmara Municipal nas eleições de 1947. Seu partido, o PST (Partido Social Trabalhista) havia conquistado 14 das 30 cadeiras da Câmara de Sorocaba na época, mas a Justiça Eleitoral cassou todas as candidaturas do partido, sob a alegação de que eram candidatos comunistas e o PCB estava na ilegalidade. Com isso, mesmo sendo a primeira mulher eleita vereadora em Sorocaba, Salvadora Lopes não tomou posse do mandato.

Com a cassação de Salvadora Lopes, Sorocaba teve de esperar 35 anos para ter mulheres exercendo mandato legislativo em sua Câmara Municipal. Nas eleições de 1982, duas mulheres foram eleitas vereadoras, entre elas, a médica Diva Maria Prestes de Barros Araújo, que nasceu na cidade de São Paulo, em 25 de janeiro de 1948, e morreu em 9 dezembro de 2005, aos 57 anos, em decorrência de diabetes. Além de vereadora, Diva Prestes, como médica sanitarista, foi professora na Faculdade de Medicina na PUC-Sorocaba e também foi vice-prefeita, a primeira mulher a exercer esse cargo na cidade, eleita em 1996.

Atuação social – Outro perfil entre os 12 perfis de mulheres que compõem o livro “Eleitas” é o de Ana Paula Eleutério, que nasceu em 28 de setembro de 1945, em Tatuí, veio para Sorocaba aos 23 anos, conseguiu cursar faculdade na área de serviço social e morreu em 23 de janeiro de 2002, aos 57 anos. Primeira mulher com deficiência física a ser eleita em Sorocaba, teve forte atuação nas pastorais da Igreja Católica, trabalhando em prol de populações marginalizadas, e acabou ingressando na política e sendo eleita vereadora em 1982. Hoje o antigo Habiteto leva seu nome: Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério.

Ao mostrar a trajetória das mulheres que foram eleitas na história de Sorocaba, como vereadoras, deputadas, vice-prefeitas, o livro “Eleitas” também retrata a variada origem dessas mulheres. Salvadora Lopes começou a trabalhar como operária aos dez anos de idade e teve forte atuação sindical na indústria têxtil, participando de greves e enfrentando a polícia. Ana Paula Eleutério era filha caçula de uma família de lavradores de quinze irmãos, dos quais apenas oito sobreviveram, pois viviam em condições paupérrimas. Já Diva Prestes era oriunda de uma tradicional família paulista, os Prestes de Barros, da qual saíram vários políticos. Em comum, todas elas ajudaram a garantir a participação da mulher na política sorocabana.

Fonte: Câmara Municipal de Sorocaba