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Toda quinta-feira, o gestor de logística Amauri Luís Ferreira, 48 anos, precisa trocar o curativo após a hemodiálise. Em tratamento no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), ele conta que ficou ontem sem o curativo por falta de material, no caso uma película que protege a entrada do cateter.

Saiu de lá não somente sem o curativo, mas sem completar o tempo da hemodiálise, que foi interrompido 40 minutos antes.

“Vi muita gente passando mal, umas dez pessoas”, calcula. Amauri ainda estava ligado ao aparelho quando ouviu alguém dar a ordem para que fossem desligadas todas as máquinas.

O paciente relatou que na terça-feira tinha um funcionário novo lavando as peças da máquina de hemodiálise e ele desconfia que seus colegas que também fazem tratamento foram acometidos por alguma infecção, que deve ter acontecido devido a esse processo de lavagem. “Acredito que a empresa que assumiu agora tem muitos funcionários novos e no entanto esse é um trabalho complexo, que envolve a lavagem de um filtro que requer muito cuidado”, diz.

Amauri conta que a empresa anterior tinha um procedimento de qualidade e apesar de serem dois médicos fixos (um para cada turno) e um terceiro que cobria a folga dos outros dois, eles conheciam os pacientes. “A nova empresa tem sete médicos, mas por atender cada dia um médico diferente, ninguém assume nada, e os pacientes têm dificuldade até para conseguir uma receita, para conversar com o médico. Cada hora muda, então um espera do outro”, disse.

Sobre os curativos, Amauri afirma que não é a primeira vez que falta material. “Tenho um cateter no peito e é preciso colocar uma película para proteger a entrada. Na ponta vai uma peça que se chama [conector] Tego. A falta dele é frequente. E a película é a terceira vez que falta”, reclama.

O conector Tego é um material que deve ser ligado ao cateter e tem como objetivo reduzir a exposição e manipulação do cateter, colaborando com a prevenção de infecções na corrente sanguínea.

Tudo normal

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) esclarece que não há falta de materiais para realizar atendimento de pacientes assistidos pelo serviço de hemodiálise.

“Houve, por parte do paciente em questão, a recusa de se realizar curativo”, diz o comunicado. Ainda conforme o CHS, o serviço de hemodiálise opera em sua normalidade e dispõe de um quadro de funcionários treinados e qualificados, de acordo com as normas técnicas vigentes, bem como realiza todo processo de controle de higienização dentro de protocolos previstos.

“Por fim, o CHS desconhece qualquer dificuldade de obtenção de receitas por parte do paciente e informa que a equipe médica se encontra sempre à disposição para esclarecimentos de dúvidas do tratamento”, divulgou a nota.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul